terça-feira, 14 de junho de 2016

Educação - Os desafios da utilização do construtivismo em nosso contexto social.

Oi

Como eu já disse no início do blog, sou estudante de Letras. Já dei aulas, e estou muito envolvido com a área da educação, portanto, não se surpreendam se eu abordar temas relacionados à educação em algumas vezes.

Bom, esta postagem é para falar sobre uma metodologia de ensino muito comum entre os docentes: o construtivismo.

Para dar destaque importante ao construtivismo, devo esclarecer "o outro lado da moeda". Temos o tradicionalismo, que é enraizado em algumas escolas até hoje. É a metodologia de ensino clássica, na qual temos salas de aula com carteiras distribuídas em fileiras, organizadas assim para possibilitar a visão dos alunos ao quadro negro e ao professor. O professor é o mestre. Ele tem sua cadeira na frente da sala de aula, possibilitando ver o que todos os alunos fazem. Tudo que o professor passa em sala de aula é regra. Os alunos devem ficar em silêncio absoluto prestando atenção à aula. O conteúdo é passado pelo professor, e os alunos devem estudá-lo intensamente. As avaliações são padronizadas, e buscam um segmento único e o mais invariável possível. Seus defensores dizem que o método é bom, pois não se constrói um individuo pensante sem base de informações. Não posso esquecer de mencionar os castigos físicos que, até o século passado, eram muito comuns, as famosas "palmatórias".

Bom, você aí deve estar se perguntando: "Ué, mas em todas as salas de aula que eu frequentei, as carteiras eram distribuídas em fileiras". Sim, eu concordo contigo. Você até pode estar se perguntando se o seu ensino fundamental e médio foram baseados no tradicionalismo por causa da distribuição das carteiras. A resposta é: talvez. As carteiras não significam que o tradicionalismo reinava na escola que você estudou. Hoje em dia, em nossa sociedade, diversos discursos foram desconstruídos, porém, certas características prevalecem. Certas características INFELIZMENTE prevalecem. Um exemplo extremamente negativos de resquícios de "demônios do passado" é o racismo, ainda presente em nossa sociedade. A distribuição das carteiras pode ser bem dinâmica para uma aula, e o formato pode prevalecer, porém, isso não significa que você aprendeu através do tradicionalismo.

Agora, vamos ao construtivismo. O construtivismo baseia-se nas ideias do famoso e intensamente mencionado entre os estudantes e profissionais da área da educação JEAN PIAGET!!!



Se você é da área da educação, provavelmente não aguenta mais ouvir falar nesse cara. É, eu lhe entendo!!


 O método consiste numa forma diferenciada de ensinar aos alunos. O aluno busca aprender de maneira mais autônoma, recebendo os estímulos externos necessários, realizando discussões, experimentando, sendo curioso e avaliando as coisas à sua volta. O professor atua como um direcionador de ideias e fluxo de aprendizagem. Tudo que é bibliográfico e técnico, está nos livros, logo, não é necessária uma pessoa lá para reproduzir tudo isso. O professor é um humano, com conhecimentos teóricos e práticos do conteúdo passado mais elevado, portanto, ele deve atuar como uma espécie de "monitor".

A impressão de que temos é de que a maneira pela qual os alunos aprendem é muito mais livre e fluída, e, a princípio, mostra-se até mesmo mais atraente do que outros métodos.

Pois é... Mostra-se atraente, PORÉM!!! Há dificuldades em aplicá-lo.

As dificuldades do próprio método: 

Mudança: A adaptação à mudança é algo que pode levar muito tempo, e é um processo muito mais dificultoso.

Diferença de tempo: Os alunos se adaptam em ritmos diferentes, portanto, é mais trabalhoso para o professor monitorar com fidelidade a intensidade na qual cada aluno está adquirindo seus conhecimentos.

Plano de aula: O professor precisa ter a sensibilidade aguçada o suficiente pra saber distribuir os estímulos necessários para que o aluno aprenda o conteúdo a ser passado com eles, e precisa ter a ciência de que certos estímulos externos não fazem o mesmo efeito na cabeça de todos os alunos.

Agora, o que eu mais tenho gosto em dizer... AS DIFICULDADES PROVENIENTES DE FATORES EXTERNOS SOCIAIS.

PRECONCEITO: Inúmeras pessoas, ao lerem mais sobre o método, dizem que ele é a razão pela qual a educação no Brasil está em índices decadentes. Inúmeras pessoas dizem coisas como: "A educação da esquerda, educação de Hippies, de maconheiros etc". Deixando bem claro que eu não tenho absolutamente nada contra a esquerda, hippies e maconheiros, e tenho total ciência de que dizer que o método é de esquerda, de hippies e maconheiros num contexto negativo, é altamente pejorativo e ignorante. Eu estou apenas mencionando aqui o discurso que inúmeras pessoas preconceituosas reproduzem. A grande questão é que, esses preconceituosos, defendem que o ensino deve ser regrado e padronizado. Quando se aplica o construtivismo numa escola, o ensino vira um total "oba oba", fazendo assim com que os índices educacionais caiam drasticamente. Antes que vocês perguntem, sim, certas escolas aplicam o construtivismo em seus planos de aula.

"EDUCAÇÃO" PRECÁRIA DADA PELOS PAIS OU RESPONSÁVEIS: Pois é... Inúmeros pais e responsáveis acham que o dever do professor é dar o conteúdo completamente mastigado e deglutido (???) para o aluno, sem fazê-lo pensar muito. Fazê-lo pesquisar muito, buscar materiais extras e coisas do gênero é um total reflexo da "falta de vontade do professor querer trabalhar"... Eu não preciso me alongar muito sobre esta dificuldade, né?

"EDUCAÇÃO" PRECÁRIA DADA PELOS PAIS OU RESPONSÁVEIS - PARTE 2: Achou que eu iria parar por ali?? hahahahahaha vai nessa...
Inúmeros pais, por terem preguiça de dar educação básica a seus filhos, jogam a criança na escola, com a esperança de que o professor vá ensinar-lhes tudo que é necessário para ser um cidadão, como por exemplo, pedir licença, agradecer, pedir por favor e CALAR A PORRA DA BOCA QUANDO O PROFESSOR EXPLICA. É, inúmeros professores precisam assumir o papel de "pai/mãe" na escola. Como instigar os alunos a serem curiosos e pesquisadores quando, primeiramente, precisamos ensinar-lhes a serem pessoas? E o pior: os alunos dificilmente cedem à "educação básica" dada pelos professores, afinal, os professores não são seus pais...

Enfim... Este é um texto para refletirmos sobre esses problemas que estão inseridos na educação brasileira. Você aí, que é estudante/profissional da área da educação, por favor, sinta-se à vontade para discutir, adicionar algo ou discordar da discussão. Tudo que escrevi acima faz parte das minhas reflexões, e não são regras absolutas, portanto, fiquem à vontade!

Lembrem-se de que, amanhã, vai rolar "Maldito seja este filme". Espero todos aqui amanhã

Té mais!

bezin.


4 comentários:

  1. Minha formação acadêmica, como vc sabe, não é voltada para a educação básica, se eu for lecionar será no ensino superior. Mas já dei aula de matemática para o ensino médio na zona rural. E digo: os alunos têm preguiça de pensar. É o que vc disse: eles (provavelmente por incentivo dos pais, que devem pensar da mesma forma) querem o assunto mastigado, deglutido e se possível defecado. E eu vejo isso não apenas na matemática, mas em outras disciplinas. E não apenas na zona rural em uma escola de ensino público. Meus tios são professores de escolas privadas e um deles de faculdade e o problema é o mesmo: os alunos têm preguiça de pensar. Sabe do que eles não têm preguiça? De reclamar. De bater perna até a diretoria e reclamar quando o professor passa um trabalho.
    Eu realmente sou (agora que vc explicou) a favor do construtivismo. Porque não adianta um aluno saber quanto é 2+2 se ele não souber aplicar isso na prática, na vida real. O interessante das escolas é justamente formar pensadores.
    Uma vez, já em faculdade, houve uma discussão em sala de aula porque uma professora não admitia que os alunos discordassem do autor trabalhado. Mas, perai. Que eu saiba, eu estou na escola/faculdade pra pensar e questionar e não pra aceitar tudo o que me dizem.
    Quanto à questão dos problemas citados para a introdução deste método, na minha humilde opinião, se as escolas começassem a inserí-lo desde o jardim de infância e fosse gradativamente aplicando-o, teríamos uma eficiência maior. Claro que a participação dos pais é de fundamental importância e abrir a cabeça deles seria, talvez, uma das maiores dificuldades.
    Quando eu lecionava eu procurava sempre dar exemplos práticos com coisas relacionadas ao dia a dia dos alunos, fazendo a ligação entre o conteúdo aplicado na escola e a vida real.
    Sobre a questão de ser de esquerda, direita.. Isso não merece nem ser comentado. Afinal, o interesse (deveria ser o interesse maior, mas não é) é melhorar a qualidade da educação e o aprendizado dos alunos.
    Ah, o que me lembra de outra dificuldade, para qualquer um dos métodos: infra estrutura. Uma escola sem infra estrutura, sem material de apoio, sem livros (sim, poucas escolas têm livros didáticos suficientes) dificulta o trabalho do professor e o rendimento do aluno, além de não ser nenhum pouco estimulante para os estudantes.
    Acho que já falei demais! Kkkkk
    Beijos.

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    1. A mudança ocorre somente se houver uma mudança da situação como um todo. Como você disse, os pais têm um pensamento acerca da educação mais preguiçoso, consequentemente, os filhos também terão, e isso irá refletir negativamente na hora da aprendizagem, e infelizmente, no trabalho do professor. Existem pais que não dão a importância necessária à educação, assim como existem professores também, e esse caso que você contou que aconteceu na faculdade reflete perfeitamente o descaso por parte do professor. Muita coisa precisa ser mudada. Mentalidade tanto de pais quanto de professores, e como você disse, infraestrutura é um exemplo de fator a ser modificado. Não se faz o construtivismo sem infraestrutura decente. Fico feliz por ter entendido o meu posicionamento, e tudo que você falou é muito construtivo, portanto, de maneira alguma tornou-se um texto grande e cansativo! hahah
      Beijos, e parabéns pelo trabalho exercido, e por qualquer outro que venha a exercer!

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